A gente só imagina castelo na Europa ou na Disney, mas o fato é que no meio da Califórnia tem um castelo… bem lá no alto com uma vista absurda para o oceano Pacífico, entre Los Angeles e São Francisco. Não é castelo medieval e nem histórico cheio de guerras, ele é bem mais moderno (ou nem tanto), enorme, rebuscado e como está nos EUA, os americanos mais famosos passaram por lá.
Antes de mais nada, falo um pouco do dono do castelo, sr. William Hearst. Ele nasceu em 1863 e era filho único de uma casal super milionário. Ele era tão influente rico que algumas notícias que apareciam nos jornais eram ordens dele. Alguns diretores de cinema mostravam seus filmes a ele antes de ser lançado, e se ele gostasse o jornal publicava uma nota indicando o filme. O que é ser influente, não é mesmo? Ah, Hearst era dono do The NY Journal, tentou a candidatura de prefeito de NY mas não conseguiu se eleger.
O castelo era um sonho de infância do pequeno Hearst, que viajava com os pais para a Europa e se encantou com todas as construções e arte do Velho Continente. Ele levou 15 anos para construir o lugar e em 1957 foi doado ao estado da Califórnia com a condição de que a decoração fosse mantida 100% como Hearst deixou.
O castelo conta com 165 quartos e 127 acres de jardins. Uma simples casinha de campo, diriam alguns.
Boatos que o filme Cidadão Kane tenha sido baseado na vida de Hearst, mas o diretor nega esse fato.
Chegamos cedinho para pegar o primeiro ou segundo tour antes de seguir viagem para o sul. De onde estávamos, San Luis Obispo, até ali, deu 1h de viagem. A entrada fica na estrada Highway 1, mas ainda tem muita estrada para dentro até chegar na bilheteria. Lá já dá pra ver que não é nada pequeno. Estrutura super organizada, espaçosa, nada de aperto. Os tours saem a cada 30 minutos e são todos guiados. Aí sim, tem duas opções: um tour mais modesto de cerca de 45 minutos por algumas dependências do castelo; e outro de 2h que passa por mais lugares. Claro que o preço muda, e pegamos a primeira opção mesmo, que já passa por bastante coisa.
Pra chegar até o castelo, é preciso pegar um ônibus, pois o caminho é beeeem longo. O castelo fica em cima de uma montanha e você leva pelo menos uns 10 minutos dentro do ônibus só subindo pelas curvas. Já no caminho a vista é incrível, e se tiver sorte ainda pode encontrar zebras e veados passeando por ali. Explico: o Hearst tinha um zoológico na propriedade, e alguns animais fugiram e ficaram soltos pela região. Então não, se você vir uma zebra no meio da estrada, você não está louco. É uma zebra mesmo!
Falando do zoológico ainda, ele tinha até urso polar lá dentro. Tem que ter muito dinheiro pra isso né? No fim, os animais foram doados para outros zoológicos e todos os bichinhos ficaram bem.
Bom, chegando lá em cima um guia já vem encontrar o pessoal. Nosso guia era todo gordinho e simpático, mas falava de-mais. Até ele mesmo disse: “eu falo demais, então qualquer coisa me avisem senão não paro mais.”
A entrada da casa é um absurdo. É uma réplica de uma igreja espanhola e logo nessa entrada o chão veio de Roma. Como é muito antigo e estão tentando manter tudo original, a entrada se faz pela lateral, para conservar o chão.
A sala principal e todas as dependências foram mantidas 100% como era quando Hearst morava lá. Cada pedaço da casa veio de algum lugar da Europa. Como o velho continente tinha recém saído da guerra, precisavam desesperadamente de dinheiro, e começaram a vender tudo o que tinham a preço de banana (preço de banana para alguém rico né, porque eu jamais poderia comprar um chão romano). O Senhor Hearst fez a festa e comprou muita coisa.
Logo ali tem cadeiras das catedrais de 500 anos, tapetes espanhóis de 600 anos, tetos de 700 anos… é tudo assim por lá. Um patchwork de história européia. É feio de tanta coisa que tem, mas é bonito porque é tudo muito incrível.
Enquanto passeamos por lá o guia vai falando dos objetos e de todos que frequentavam a casa. Ele vai falando: Marilyn Monroe sentava aqui, Kennedy gostava dessa área… e assim por diante. Um absurdo o tanto de gente famosa que frequentava o local. O Sr. Hearst adorava receber convidados e a casa vivia cheia. Uma história legal que ele contou é que no Natal tinha uma árvore com presentes masculinos e uma árvore com presentes femininos, e os convidados podiam pegar o que quisessem ali debaixo. Detalhe: Hearst ligava nas melhores lojas (entenda isso como Tiffany e cia) e pedia presentes e mais presentes. Depois que os convidados escolhiam, ele devolvia o que sobrava para as empresas e aí somavam o que tinha sido pego e mandavam a continha. Simples assim, o cara era muuuito milionário!
Na sala de jantar outra curiosidade: Hearst sentava no meio da mesa, e quem sentava ao lado dele eram as pessoas que ele considerava mais interessantes na atualidade para conversar e ouvir histórias. Quanto mais afastado dele, menos interessante era. Ou seja, ninguém queria mudar de lugar na mesa (ele que mandava nisso), pois significava que você já não era tão legal assim.
Outra curiosidade, os convidados podiam fazer o que quisessem na casa, mas tinham 4 obrigações: se reunirem a noite na Sala de Reuniões em frente a lareira francesa do século 16; jantassem no refeitório (aquele ali de cima); assistissem o filme da noite no teatro da casa; e que não falassem a palavra “morte” na presença do Sr. Hearst.
Do lado de fora jardins liiiindos, uma piscina ao ar livre e outra fechada. A piscina aberta é a Netuno e tem 32m de comprimento. A piscina fechada e menor foi feita com azulejos venezianos azuis e dourados. Um exagero de decoração, mas ficou interessante:
Eu amei as escadas do lugar. Cada uma tinha um desenho diferente e colorido nos degraus, uma graça!
Reserve pelo menos 1h30 pra ver o castelo. Ele fica na região de San Simeon, e aqui você pode encontrar todas as infos sobre o local e mapas dependendo de onde estiver saindo.
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