Semana passada falei aqui no blog sobre um passeio na parte norte de Roma. Pois hoje vamos sair do centro histórico e atravessar até o sul da cidade, conhecido como EUR e normalmente esquecido pelos turistas.
Saí da estação Termini e peguei o metrô direto para a parte mais sul (quase última parada) da linha azul de metrô, a Eur Magliana. Comprei um bilhete diário que custa 6 euros, e aproveitei ao máximo. Desci de parada em parada, só vendo os pontos principais e não cansando tanto por andar demais. Na realidade, essa parte é bem diferente do que conhecemos de Roma, não tem aquele caos típico, mil e um prédios milenares, nem ruas pequenas e nem muita coisa pra ver como no centro. Na minha opinião, essa é a parte mais “América” de lá. Mas vamos ao que interessa, o que ver na parte sul?
Antes de mais nada, deixa eu explicar essa região chamada Eur. A área não é turística, ela é residencial e comercial, por isso não verá muitos turistas perambulando por ali. Foi escolhida em 1930 por Mussolini. A ideia era celebrar o início dos 20 anos do facismo. As letras EUR significam “Esposizione Universale Roma”. Além disso, a ideia serviria para expandir a cidade e tornar-se um novo centro da cidade.
Infelizmente, por causa da II Guerra Mundial, a feira nunca saiu do papel, porém o nome pegou e permanece até hoje. A maior parte da região é do Ministro da Economia e do Município de Roma.
Coliseu Quadrado
Essa é a primeira parada mais pra baixo da cidade. Logo que sair do metrô, já verá um prédio bem quadradão, da época fascista de Mussolini. O nome de verdade é Palazzo della Civilta Italiana ou Palazzo del Lavoro, mas pode chamar Coliseu Quadrado mesmo, até porque italiano adora tirar um sarro das coisas.
O palácio foi construído em 1938 pelos arquitetos Giovanni Guerrini, Ernesto Bruno La Padula e Mario Romano. A construção terminou apenas em 1940 e é ainda considerada uma das mais representativas obras do fascismo.
Basilica dei Santi Pietro e Paolo
Aproveitando que está ali, é tranquilo caminhar até a Basilica dei Santi Pietro e Paolo… por que claro, estamos em Roma, e mesmo que seja na parte sul mais moderna, tem igreja pra visitar também.
Infelizmente, quando fui estava fechada e não pude conhecer por dentro, mas por fora achei muito bonita, extremamente bem cuidada, tudo muito calmo, limpo, claro… completamente diferente do caos do centro histórico. Ali só tinha eu de turista! Foi até estranho.
Como a igreja fica no ponto mais alto do bairro, a vista é bem bacana, e logo em frente tem uma escadaria e um caminho bonito até a rua movimentada lá embaixo.
Assim como o Coliseu Quadrado, a construção começou em meados de 1939, e por causa da II Guerra Mundial, tiveram que parar por um tempo. Até porque a área foi bombardeada e isso abalou um pouco a estrutura do prédio. Voltaram a construí-la em 1953 para terminar em 1955. Ainda levaram mais 11 anos para ser consagrada como Basílica, em 1966.
Basilica di San Paolo
Tá, mais uma Basílica, mas essa é, na minha opinião, indispensável. Mesmo que você não faça o breve tour por EUR, vale a pena pegar o metrô e parar ali. A Basílica é enorme, lindíssima e a melhor parte: vazia! Tem alguns turistas sim, mas nem se compara ao tumulto de San Pietro e outras igrejas no centro.
Confesso que nunca tinha ouvido falar dessa igreja, e me surpreendi muito quando cheguei ali. Essa é uma das quatro basílicas papais de Roma, e a segunda maior (perdendo para San Pietro, claro) da cidade.
Essa você talvez precise de um mapa para chegar depois de sair do metrô. A parada tem o nome da basílica, mas uma das saídas te leva para a parte de trás dela, e é interessante entrar pelo lado certo. A Basílica fica na Via Ostiense, e é fácil chegar mesmo se você se perder um pouquinho.
Ali onde foi construída a Basílica, (dizem), é onde o apóstolo Paulo foi sepultado e o túmulo do santo se encontra debaixo do altar maior. Por isso ao longo dos séculos, houveram muitas peregrinações até lá.
Ela é do século IV e passou por reconstruções no século XIX. Em 1980 foi considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. O título é mais do que merecido, pois é tudo muito MUITO lindo lá. O teto é um absurdo, as pinturas por dentro são incríveis e as da parte de fora perto da porta e no teto de entrada são mais ainda. Tudo ali é imponente, tudo merece atenção, do chão ao teto.
Ponte da Música
Se pegar novamente o metrô, desça na próxima parada, Garbatella. O bairro não tem nada demais também, é bem americano com ruas mais largas e menos bagunça, mas tem ganhado algum destaque pelos italianos. Aqui o bacana é sair do metrô e ver a bela Ponte da Música, que até me lembrou bastante a ponte Las Mujeres em Buenos Aires.
Esse projeto é super moderno, está funcionando desde 2011 e atravessa o rio Tevere entre o quarteirão Della Vittoria e o Flaminio. No começo o projeto era apenas para pedestres e bicicletas, mas teve que ser adaptado para carros e meios públicos.
Para o projeto, foi realizado um concurso internacional e o estúdio inglês Buro Happold. A ponte é relativamente pequena, mas muito bonita. Como não paga nada para vê-la, e tem uma estação de metrô logo ali, vale a pena fazer uma breve parada e conhecer.
Todo essa trajeto é possível fazer a pé se você estiver afim de fazer exercício, passear por uma região bem diferente do normal de Roma e tiver tempo. É tudo bastante perto, como toda cidade italiana. Dá para reservar a manhã para esse tour e terminar com um almoço em Garbatella.
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